Se só sobrar eu, tudo bem?

Vocês têm medo de envelhecer? Porque eu certamente não tenho – ou achava que não tinha. Na verdade, acho que, para nós, mulheres, a sensação de envelhecer acaba se tornando uma pressão muito maior, pois temos que lidar com todo tipo de padrão de beleza, que, com o tempo, fica impossível de manter.
Na realidade, não tenho medo de envelhecer, tenho medo de ficar sozinha. Acho que, por ter passado boa parte da minha vida ouvindo que precisava ser assim, fazer aquilo ou mudar isso em mim para que gostassem de mim, essas ideias acabaram enraizadas no meu ser. Quero dizer, nenhum homem vai querer uma mulher "feia e acabada", né? Pelo menos é o que escuto. Se isso for verdade, então já era para mim.
Eu nunca me encaixei porque nunca me aceitei. Sempre fui uma menina acima do peso e, mesmo na minha fase mais magra, me achava horrível, asquerosa, indigna de ser vista pela sociedade. Tanto que, nessa época, eu andava de máscara para cima e para baixo, pois não queria ser notada. Hoje, acho que me aceito mais. Ainda não sou tão bonita e magra quanto outras garotas, mas me acho bonitinha, até atraente – pelo menos até abrir a boca e soltar alguma atrocidade, porque não penso antes de falar.
Na verdade, minha atual situationship fez com que eu me enxergasse como um ser humano, e não como aquele monstro imundo que eu via. Muitas vezes, preciso pedir desculpas a mim mesma pela forma como me trato. Eu vejo os outros com tanto carinho e empatia... Então por que não posso fazer o mesmo comigo? Por que eu não mereceria isso? Isso é loucura! Talvez por isso eu seja tão perturbadinha. Mas me acalma saber que tem uma pessoa que – por enquanto – me aceita do jeito que eu sou, sem pedir que eu mude nada.
Acho que isso faz parte da vida, né? Embora algumas pessoas questionem o fato de eu só ter começado a me aceitar depois que outra pessoa o fez, já fico feliz por isso ter acontecido, mesmo que só um pouquinho. Acredito que, com o tempo, se eu continuar trabalhando nisso, darei passos muito maiores. Então, quando eu chegar aos 60 anos e talvez não tenha ninguém comigo (espero que isso não aconteça, socorro!), não vou ficar tão triste. Porque terei a mim mesma, minha melhor companhia, a única pessoa que sempre esteve comigo e vai estar até o fim. E, talvez, isso baste.
